Não ejacular, ter uma ejaculação retrógrada ou retardada são alguns dos problemas
Anejaculação
A falta de ejaculação pode ocorrer devido a anormalidades na produção ou estocagem do sêmen, ou a condições que afetem o processo de expulsão. Causas psicológicas são comuns, mas, se um homem nunca ejaculou, deve-se suspeitar de uma causa orgânica. Anomalias congênitas, como ausência de vesículas seminais ou glândula prostática, podem ser responsáveis, apesar disto ser muito raro.
“A incidência de ejaculação retrógrada após cirurgias no colo vesical na infância é de 5 a 15%”
Grandes cirurgias abdominais podem causar danos aos nervos e determinar a falta de ejaculação. Na realização de cirurgias para câncer, tais danos podem ser inevitáveis, mas, quando possível, todo cuidado deve ser tomado para preservar os nervos. Cirurgias vasculares e de remoção dos linfonodos retroperitoniais também são propensas a causar tais problemas. Prostatectomia radical (para câncer de próstata) quase que invariavelmente resulta em perda da ejaculação, apesar das secreções das glândulas parauretrais poderem provocar pequenas emissões.
Ejaculação Retrógrada
Ocorre quando há falha no fechamento do colo vesical (da bexiga). Causas congênitas são raras e usualmente devidas a anomalias de desenvolvimento dos ductos ejaculatórios (por exemplo: abertura no colo vesical), ou problemas neurológicos.
A incidência de ejaculação retrógrada após cirurgias no colo vesical na infância é de 5 a 15%. Entretanto, o risco é muito maior quando realizada na vida adulta, com cirurgias na próstata, evitando a ejaculação anterógrada em até 70% dos casos. Por outro lado, as medicações (alfabloqueadores) utilizadas para tratamento da obstrução do fluxo urinário, induzem ejaculação retrógrada, sendo seus efeitos reversíveis após a suspensão da medicação.
Causas neurológicas não são incomuns, especialmente em pacientes diabéticos. Nestes homens o início é frequentemente gradual e alguns relatos sugerem que até 50% dos homens podem ser eventualmente afetados. Pacientes com lesão da medula espinhal ou outras doenças neurológicas (por exemplo: esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barré) também podem ser afetados. Causas obstrutivas não são vistas atualmente com frequência e são usualmente devidas a estreitamento uretral ou do meato.
Ejaculação Retardada (ER)
Também chamada de ejaculação inibida, é caracterizada por “um atraso ou incapacidade” de conseguir a ejaculação. O homem relata dificuldade de ejacular apesar da presença de estimulação sexual adequada, da ereção peniana e do desejo de ejacular. Por definição, esta condição deve persistir por um período mínimo de aproximadamente seis meses.
A condição é considerada um problema se provoca angústia significativa para o paciente ou parceira. Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito por autorrelato do indivíduo. De todas as disfunções sexuais masculinas, ER é o menos compreendido, menos comum e menos estudado.
Esta condição pode ser vitalícia (primária) ou adquirida (secundária). Também pode ser global, isto é, ocorrendo em todos os cenários sexuais ou situacionais, ocorrendo apenas em cenários sexuais específicos (por exemplo, com a parceira, mas não com a masturbação, ou com outra parceira). A ER demonstrou estar associada a uma redução significativa na qualidade de vida relacionada à saúde, bem como da auto-estima, levando à ansiedade e depressão e tem sido associada à diminuição da satisfação sexual e à insatisfação e discordância na relação.
Os fatores etiológicos propostos incluem muitos fatores médicos, psicológicos e de estilo de vida. A ER não é fácil de tratar porque é mal compreendida. O tratamento deve ser específico da etiologia, podendo incluir a terapia psicosexual do paciente e seu parceiro, terapia medicamentosa ou tratamento integrado. O tratamento com fármaco de ER inclui muitos agentes com vários graus de sucesso. Atualmente, nenhum fármaco foi aprovado pela FDA para ER. Uma variedade de drogas são utilizadas para este fim, mas nenhuma é específica ao problema. Nenhuma droga foi aprovada pelas agências reguladoras para esta indicação.
Em um estudo recente para avaliar a opinião atual e o manejo clínico de ER pelos membros da Sociedade de Medicina Sexual da América do Norte (SMSNA), cabergolina e bupropiona foram os tratamentos de primeira linha mais comumente selecionados. Há um consenso de que ER ainda é uma desordem pouco compreendida com padrões inconsistentes de prática médica.
Dr. Eduardo Berna Bertero – São Paulo, SP